Há uns oito ou dez anos atrás, mandei fazer 100 adesivos com essa frase, nas cores
de nossa cidade, azul, vermelho e branco, ao preço de R$ 1,00 cada. Distribuí-os para
amigos parentes e colei em meu carro. Minha intenção era simplesmente expor o
meu pensamento em relação ao sentimento que tinha e tenho por esta terra, pois
acredito que se você diz que ama um lugar, você deve participar efetivamente
das coisas boas e ruins que acontecem ali. É tipo um compromisso de casamento, “na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe”.
Para minha surpresa, dentro de pouco tempo,
algumas pessoas ofendidas, eu acho, com este adesivo manifestaram-se contrárias
aos seus dizeres. Vi uma matéria em um jornal da época falando algo a respeito
e criticando a frase do adesivo, defendendo até mesmo que era uma frase
imprópria e irreal, e que não era necessário mesmo morar aqui para amar esta
terra. Fiquei triste e alegre ao mesmo tempo: alegre porque vi que um feito sem
a menor intenção de gerar alguma polêmica estava provocando um debate maior, e
triste porque vi que algumas pessoas discordavam de uma afirmação que julgava
eu muito simples e objetiva.
Com o passar do tempo, percebi que este “debate”
surgira por alguns interesses particulares de pessoas que insistiam em dizer
que amavam esta cidade, mas que não se dispunham jamais a morar nela.
Ora essa, São João da Barra tem praias boas
que os campistas e outros adoram, tem festas que são frequentadas por muitos
cidadãos de outros municípios, tem um carnaval que é considerado o melhor do
interior do estado, e todos a amam por tudo isso. Tudo isso é muito bom, bom
demais. Essa tranquilidade de cidade pequena do interior é admirável e nessas
horas quem tem uma casa de veraneio, ou de um parente por aqui faz questão de
dizer que é sanjoanense, nem que seja só de coração. Mas a nossa cidade tem
muitos problemas sérios como qualquer cidade do interior: Falta um hospital de
ponta, escolas profissionalizantes, faculdades e universidades, mais empregos
para seu povo nativo e outras coisas mais. Nessa hora os mesmos “sanjoanenses”
acima, se escondem da gente.
Mas quero falar ainda de outro caso especial.
Os paraquedistas. Os políticos que só aparecem por aqui quando lhes é conveniente,
ou seja, em ano eleitoral. Nestas horas eles arranjam endereços eleitorais que
justificam suas residências fixas aqui, até estudam um pouco sobre nossa
história e nossos problemas para mostrarem-se conhecedores a apresentarem
soluções. Ora essa, vá se danar. Vocês não moram aqui, seus filhos nunca frequentaram
o Alberto Torres ou o Cenecista, quando ficam doentinhos não sabem nem o
endereço da Santa Casa porque seus planos de saúde são credenciados em
hospitais melhores de Campos, Rio de Janeiro e outras cidades. Ou, até mesmo,
quando um cidadão precisa falar com vocês, ninguém sabe o seu endereço.
Paraquedistas que participam de nosso dia a
dia em programas de rádio pelo telefone, que tem medo do nosso povo nativo, que
não compram pão de manhanzinha em nossas padarias, que não fazem compras em
nossas lojas e nossos supermercados porque eles não atendem às suas demandas, e
até mesmo que emplacam seus veículos em outras cidades e muitos até em outros
estados, esses, definitivamente: Não amam essa terra. Não acredito neles. Por mais
que digam o contrário.
Povo
de São João da Barra, pense comigo: vocês colocariam um estranho dentro de sua
casa para administrar suas coisas, sua alimentação, seus hábitos, sua família, seu
dinheiro? Claro que não. Então porque precisaríamos de um “gringo” para
comandar nossa cidade? Precisamos pensar nisso, pensar com carinho, mas com
seriedade. Fazer as escolhas certas.
Lembrem-se, “gente de fora” só confia em ”gente
de fora”. E eles nos dão uma despesa danada com carros para busca-los e leva-los
todos os dias para casa. Nós não queremos mais isso para nossa cidade. Isso, no
mínimo, é dar a nós mesmos um diploma de burros. É dizer para todos os
nossos conterrâneos e para os municípios vizinhos: “Aqui em nossa cidade não
tem pessoas com competência para exercer estes cargos, por isso precisamos de
vocês”. Sintamos vergonha disso e não
deixemos isso acontecer nunca mais.
E para encerrar solicitemos um compromisso
de nossos candidatos: Que morem aqui e que só nomeiem pessoas que morem aqui. Em
último caso, que se quiserem ser nomeados deverão mudar-se para cá e que seja
público de todos os seus endereços para que possamos saber em que porta bater
quando o problema surgir.
Por isso eu digo e repito: São João da Barra,
quem te ama MORA AQUÍ.
Parabéns Joel, essa foi na veia...
ResponderExcluirMuito bom, bom mesmo
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